Brigadeiro Gourmet
Do popular ao
requintado
O brigadeiro é um dos doces mais consumidos no Brasil. E,
apesar da enorme popularidade, sempre foi considerado um docinho de festa de
criança. Como dizem que gente pequena não tem lá muito paladar, a receita nunca
foi valorizada a ponto de ocupar a mesa em outras ocasiões além de aniversários
e reuniões informais.
Estigmatizado como um doce popular, o brigadeiro ficou
restrito às panelas domésticas e não teve, digamos, o mesmo upgrade dos docinhos da moda. A trufa de
chocolate, por exemplo. Ela desembarcou da Europa num calor senegalês de 35
graus Celsius e foi recebida por aqui como a celebridade dos doces. Mal chegou
e já estava desfilando nas bandejas de festas (de casamento, inclusive). O macaron, suspiro francês empertigado,
teve a mesma recepção honrosa. Repare, está em todas as mesas de festas. Já o
brigadeiro, que nasceu e se criou neste país, sempre se acomodou como pôde, em
desajeitadas bandejas de papelão que nunca foram além dos limites das festas
infantis.
Talvez isso explique o fato de a receita ter perdido
qualidade com o passar dos anos. Chocolate em pó e manteiga, por exemplo, que
não podiam faltar em um bom brigadeiro, passaram a ser interpretados, em muitas
receitas, como sinônimos de achocolatado e margarina. O resultado é aquela
eterna sensação de que o brigadeiro da infância era infinitamente melhor. E
acredite, era!
Para salvar a pátria o brigadeiro gourmet. O brigadeiro gourmet
é uma reinvenção do brigadeiro clássico que leva só os melhores ingredientes. Em
vez de achocolatado, um bom chocolate, de preferência importado. No lugar da
margarina entra a manteiga, que é rica em leite e tem sabor incomparável. Para ter
sobrenome gourmet, o brigadeiro também
deve ter uma boa apresentação, que permita a ele circular com desenvoltura em
qualquer ambiente.
Fonte: O livro do brigadeiro
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